sexta-feira, 10 de julho de 2009

Foto por: Tamires Brito


Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...
(Mário Quintana)
Foto por: Tamires Brito


Minhas recordações vêm e vão,
mas ao longo do tempo se transformarão;
Vagas lembranças marcadas;
pelo descontínuo compasso da vida.

Faces; rostos desvanecidos,
passaram por mim coadjuvantes,
figurantes esquecidos;
Cenas, cenários, personagens relevantes.

Uma amizade, um amor.
Um olhar sincero perdido,
Passou desse tempo vivido.

Mas o mais engraçado
é que disso tudo,
só me lembro de ter esquecido.
(Ítalo Egypto)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Foto por: Tamires Brito

Jamais Te Amei Tanto

Jamais te amei tanto, ma soeur
Como ao te deixar naquele pôr do sol
O bosque me engoliu, o bosque azul, ma soeur
Sobre o qual sempre ficavam as estrelas pálidas
No Oeste.
Eu ri bem pouco, não ri, ma soeur
Eu que brincava ao encontro do destino negro -
Enquanto os rostos atrás de mim lentamente
Iam desaparecendo no anoitecer do bosque azul.
Tudo foi belo nessa tarde única, ma soeur
Jamais igual, antes ou depois -
É verdade que me ficaram apenas os pássaros
Que à noite sentem fome no negro céu.

(Bertolt Brecht)



Bilhete


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda
(Mário Quintana)


Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?


Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
(Machado de Assis)

Círculo vicioso


Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:


"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol com azedume:


"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume"!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:


Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta luz e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vagalume?"...

(Machado de Assis)
Foto por: Tamires Brito

All I need

"... When I look in your eyes
I cannot disguise
I wish you could feel
Your mind surrended tonight
[...]
Don't take it away
I'll give you my love, body, soul night and day
[...]
All I need is your love
So let me into your life
I will take you high
To the seventh sky ..."

terça-feira, 7 de julho de 2009


" ... A suspeita persegue sempre a consciência culpada ..."

Os beijos que te dou tu não sabes de onde vêm. São teus, do teu corpo e da tua alma, do mais profundo de ti, sim, mas vêm daquele meu ego morto que só contigo renasceu. Pouco me ri e muito mais sofri neste tempo todo. Lutei com a necessidade de dizer e a absoluta impossibilidade de escrever. A cada dia, adiei o que iria escrever ontem. A idéia vinha à memória, mas, logo, logo, se esvaía naquele cansaço imenso que me fazia deixar tudo para amanhã e jamais recomeçar. Tornei-me um esquizofrênico da memória ou de mim mesmo: o que queria e desejava agora me impacientava em seguida e me cansava e aborrecia logo adiante.
Agora, quando roço a tua pele e no silêncio te sinto estremecer, algo extravagante que nos obrigava a vagar pelo mundo sem jamais poder voltar á pátria e ouvir teus sussurros ou descobrir teus olhos verdes-azuis ao sol do lugar onde nasci. Eu me lembro tanto de tanto ou de tudo que, talvez por isso, tentei esquecer. Quando te amo, este amor enfurecido de beijos e abraços ocupa todo o espaço da memória e, só então, vivo tranqüilo e em paz. Sim, minha amada, o que os meus olhos viram às vezes tenho vontade de cegar.
Esquecer? Impossível, pois o que eu vi caiu também sobre mim, e o corpo ou a alma sofridos não podem evitar que a mente esqueça ou que a mente lembre. Sou um demente escravo da mente. Rima? Rima, sim, e até pode ser uma rima, mas não é uma solução. A única solução é não esquecer.
E por não esquecer te conto, minha amada. Como um grito te conto.
(Flávio Tavares)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Foto por: Tamires Brito

Poeminha Filosófico


Hoje sou o que penso
que teria sido
se houvesse vivido o que pensei ser,
não o que fui.

Hoje não estou preso
nem derrotado, nem sozinho.
Na minha parede não há grades
e não há paredes no meu mundo.
Hoje sou o que penso ser,
não o que sou.

Sou um eu que não está comigo
nem mais pode ser eu,
porque não estando onde estou
vivo cheio de coisas
que não habitaram outrora
o que eu pensei em mim.

Hoje penso que não penso nada do que penso
nem do que busquei, engendrei,
desfiz, ultrajei, construí ou vivi.
A vida é geometria tangente
que me saúda nas margens,
sem pó nem suor, só com a minha vontade
de que tudo houvesse acontecido
como nos sonhos pensados
ou nos ritmos passados do que não fiz.

Hoje penso que sou
nada do que quis ser,
somente tudo
do que agora penso.
Hoje penso que sou Fernando Pessoa
e que morri adulto e lúcido
em 1935, um ano depois de ter nascido.
(Flávio Tavares)

domingo, 5 de julho de 2009

Foto por: Tamires Brito


All faded dreams



She's right here, diving in her dark dreams

and when she kisses me
I feel in her eyes a little bit of sadness
so I say, It's Love.

While she leaves me away,
I whisper: You know where find me,
I believe I can fly, I believe I can touch the flame
When you hold me, there's no blame,
nobody makes me feel the same.

Wishes and dreams are fading away
There's no doubt, I say
Live the moment, each and everyday
And maybe you'll find me, thinkin' it's not enough
Because live just, upsests me


And at last, this feeling leaves under frozen souls

Oh who knows just what the future holds

All i want to know is if it's with you

million faces pass my way

nothing seems to change anytime i look around


We're distracted by the hard times, and the troubles that we make
Let us throw them in the ocean, let it wash our cares away
I will roam lost but never alone
I know that life's design moves around lies, white lies.

(Ítalo Egypto)

Foto por: Tamires Brito

Não passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.

Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?

Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.
(Carlos Drummond de Andrade)